Os tesouros arqueológicos do Egito vão além dos complexos mais famosos como os de Luxor e Gizé. Cerca de 200 km de distância de Aswan, perto da fronteira do Sudão, encontram-se dois dos mais monumentais templos do Egito: o complexo de Abu Simbel.
Os dois gigantes templos, escavados em rocha de arenito por pouco não desapareceram (já vou explicar isso) e são uma visita um tanto quanto impactante do ponto de vista artístico. Se eu fosse vocês, eu colocaria Abu Simbel no cronograma durante uma viagem para o Egito. #DicaDeAmigo 😛
O grande templo de Abu Simbel foi erguido em honra de Ramsés II, que governou no século XIII a.C. e foi um dos faraós da XIX dinastia. Ramsés adorava construir coisas monumentais para mostrar todo o seu poder e de quebra ele mandou construir um para sua esposa favorita, Nefertari.
Ambos os templos se localizavam (e ainda se localizam hoje) nas margens do Rio Nilo, para mostrar para todos que navegassem por aquelas águas, quem mandava na parada toda, e também para diminuir os problemas causados por um de seus antecessores, Akhenaton, que entrou para a História ao tentar unificar o culto dos egípcios ao sugerir a adoração ao único Deus, Aton, representado pelo círculo solar. Obviamente essa ideia de adorar um único Deus não deu muito certo, uma vez que os egípcios antigos sempre foram politeístas.
As medidas do templo de Ramsés são impressionantes. A fachada com 33m de largura por 38 m de altura, conta com 4 estátuas de 20 metros de altura cada uma delas, onde ele é representado como rei absoluto do Egito, usando a coroa que representa a união entre o Alto e do Baixo Egito, cercado de deuses em menor tamanho presentes em toda a fachada e 21 babuínos no topo, protegendo o templo.
Já na parte de dentro existem várias câmaras, desenhos que contam histórias sobre a vida e batalhas de Ramsés, juntamente com sua esposa e os deuses.
Isso sem contar nas 8 estátuas do deus Osíris, que carregam algumas características de Ramsés II. Tudo para impressionar e se glorificar como Rei e Deus.
Uma curiosidade bem doida sobre o grande templo de Abu Simbel: em dois momentos do ano o sol atravessa todo o templo, por 15 minutos, para iluminar 3 das 4 estátuas que existem na sala principal do templo, a de Amon, Ra-Harakhte e Ramsés.
A última (e única) que fica na escuridão é a estatua do Deus do submundo. Doido né? – E que datas são essas, Doug? – 22 de fevereiro e 22 de outubro, data de nascimento e coroação de Ramsés.
É mole ou quer mais? Tá aí mais uma prova que os egípcios antigos eram MESTRES quando o assunto era astrologia, engenharia, arquitetura e sobreforça humana.Já o templo de Nefertari é bem menor e mais simples, com uma fachada com 6 estatuas de 10 metros cada, impressiona pouco se comparado com o templo de Ramsés, mas não deixa de ser uma obra e tanto.
As estátuas de Nefertari tem traços semelhantes à figura da deusa Hathor, ornadas com disco solar entre plumas e cornos de vaca.
Em 1950 o governo do Egito decidiu construir a barragem de Aswan, criando o maior lago artificial do mundo (Lago Nasser) e assim gerando energia para o país a partir da sua hidrelétrica.
O lago estende-se por mais de 500 km ao sul da barragem de Aswan e chega atingir 180 metros de profundidade, mas sua criação acabou deixando mais de 800 mil pessoas sem casas e alguns templos correndo o risco de simplesmente desaparecer nas aguas do poderoso Rio Nilo.
A solução? Realocar tudo. As pessoas e os templos. E foi o que fizeram.
Para isso a UNESCO fez uma campanha internacional para conseguir recursos (cerca de 40 milhões de dólares) para mudar o templo de lugar. Vários países ajudaram e por 5 anos uma grande equipe de arqueólogos e engenheiros trabalharam incansavelmente na salvação dessa beleza.
Como eles foram capazes de fazer isso, eu também não sei. Só sei que deve ter dado um trabalho danado já que eles tiveram que cortar ambos os templos em diversas peças, tomando o maior cuidado do mundo para não dar mer** e realocar, peça por peça, perfeitamente 61 metros acima do seu local original e 200 metros de distância da margem do lago, salvando não só o complexo, mas também o efeito de luz que acontece duas vezes ao ano.
Nessa obra pra lá de doida, eles criaram uma nova montanha de pedra e realocaram não só a fachada, mas também o interior do templo de forma tão perfeita que quem não sabe da história por trás daquilo, nunca nem imagina que os templos não eram nesse lugar.
Praticamente um quebra cabeças (e põe quebra cabeça nisso, né?!) gigantesco e pra lá de delicado. #QueMedo
Que Abu Simbel é incrível, isso vocês já devem ter percebido né?! Mas agora, como fazer para chegar lá já que a cidade mais próxima é Aswan e a região por aqui é bem isolada e longe de tudo?
No meu caso fiz o que a grande maioria dos turistas faz, que é ficar em Aswan e contratar um tour para fazer um bate e volta aos templos.
Nós fomos de ônibus, saindo as 4 da manhã de Aswan. A viagem dura em média 3 horas e meia e o cenário das estradas é encantador ao mesmo tempo que parece um filme de terror. Rs. Apenas a estrada, areia e deserto. Rs
Enfim… Meu tour estava incluso no pacote do projeto da AIESEC que estava fazendo parte e para mais detalhes basta clicar aqui.
Caso você esteja sozinho e queira ir de ônibus também, cheque com a recepção do hotel onde estiver hospedado pois diariamente partem ônibus de Aswan para Abu Simbel. O ticket custa em média 200 EGP (ida e volta) e essa é a maneira mais barata de ir aos templos.
Essa é a maneira mais cômoda e também mais cara de visitar os templos. A companhia aérea Egypt Air possui três vôos diários para Abu Simbel, todos partindo de Aswan, logo pela manhã. O problema é que não existem vôos direto do Cairo ou qualquer outro lugar do Egito, ou seja, querendo ou não você vai ter que passar por Aswan. Os vôo de Aswan até Abu Simbel dura 45 minutos e cada trecho custa a partir de 1000 EGP.
Também existe a possibilidade de você contratar um tour privado (taxi e guia) para visitar o complexo de Abu Simbel. Nesse caso você vai ter que usar a regra número 1 do viajante que vai para o Egito: NEGOCIAR!
Nunca, eu disse NUNCA, aceite o primeiro valor que eles te oferecerem, caso contrário você vai pagar mais do que o dobro do valor que realmente é. O carro privado custa em média 800 EGP e aqui quem escolhe o horário e o tempo de permanência no lugar é você.
A entrada nos templos de Abu Simbel custa, atualmente (2018), EGP 115 o adulto, e crianças/estudantes pagam EGP 63,50.
Vale lembrar que para usar maquina fotográfica ou celular é preciso compara um ticket extra no valor de 300 EGP. Me agradeçam viu? Rs Brincadeiras a parte, eu pagaria novamente e quantas vezes fossem necessárias para registrar cada detalhe desse magnifico templo. Até porque, vai que resolvem fazer uma nova represa? Nunca se sabe. Rs
Um beijo,
Doug Pelo Mundo
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