Conhecendo o Islamic Cairo e aprendendo muito sobre o Islamismo

A populosa e caótica cidade do Cairo é subdivida em 3 importantes aéreas: Cairo Central, Cairo Islâmico e Cairo Antigo.

Hoje vou falar sobre o Cairo Islâmico que é uma cidade da Era Medieval e uma das cidades islâmicas mais antigas do mundo. Atualmente é o núcleo histórico da cidade do Cairo, conhecido pela arquitetura, mercados medievais e centenas de mesquitas, essa parte do Cairo é um prato cheio para aqueles que buscam conhecer um pouco mais sobre a cultura Islâmica.

E para quem tem curiosidade sobre como se comportar e vestir numa viagem dessas, basta clicar aqui.

Vamos começar com um pouco da história do Islamic Cairo…

O Egito foi conquistado pelos muçulmanos árabes em 641, quando Alexandria ainda era a capital do país. Embora os árabes admirassem o glamour e a riqueza de Alexandria, eles decidiram estabelecer uma nova capital na margem leste no Nilo: Al Fustat. Ali instalaram a primeira mesquita da África, a mesquita ‘Amr Ibn Al-Aas’. Mais tarde os governantes vieram a acrescentar outras dezenas de mesquitas e palácios nas áreas ao redor da Mesquita de Amr, juntamente com a sede do governo e administração do país. A cidade cresceu muito e foi considerada uma das mais belas cidades no mundo islâmico.

Mesquita Amr Ibn Al-Aas

Al Fustat era famosa pelas suas construções civis e religiosas como mesquitas, palácios, vivendas, fábricas e oficinas de artesanatos, banhos públicos, lojas e mercados distintos.

O Islamic Cairo foi fundado em 969 como recinto real dos califas, enquanto a capital econômica e administrativa real ficava próxima a Fustat. Quando Fustat foi destruído em 1168/1169, para impedir sua captura pelos cruzados, a capital administrativa do Egito então mudou-se para o Cairo, onde permanece até os dias atuais.

Em 1250 os mamelucos tomaram o Egito e governaram sua capital, no Cairo, até 1517, quando foram derrotados pelos otomanos. Durante o período dos mamelucos, o Cairo foi um importante centro político e comercial internacional, com grandes movimentos de construção como: mesquitas, escolas, palácios, hospitais, mausoléus e mercados, que sobrevivem até os dias atuais.

Já sob o domínio dos turcos, o Egito entrou em decadência e acabou perdendo a independência econômica e politica para os mesmos. Durante esse período o Cairo viveu uma época de escuridão e isolação.

Em 1798 o exercito francês de Napoleão Bonaparte ocupou o Egito e permaneceu no poder até 1801 quando iniciou-se o reinado de Mohamed Ali, que colocou o Egito no caminho da modernização. A partir daí o Cairo floresceu e apareceram novas escolas, hospitais, fábricas, além da modernização em aspectos de urbanização.

História é o que não falta né?! Então imaginem uma visita por esse lugar!!! Abençoado demais, não?!

E que visitar no Islamic Cairo, Doug?

Visitar o Islamic Cairo pode ser uma tarefa bem desafiadora e até assustadora para aqueles que não gostam de ruelas e multidões. A área do Islamic Cairo é enorme, com centenas de lojas, residências e monumentos de todos os tamanhos e importâncias, tudo ao longo de ruelas que muitas vezes parecem que vão desaparecer. Eu particularmente sou aquele tipo de viajante que ADORA fazer parte dessa confusão, aprendendo mais sobre a cultura local e descobrindo lugares que vão além dos descritos nos roteiros de viagem, logo minha experiência pelas ruelas do Islamic Cairo foi inesquecível e encantadora. De quebra ainda tive Doha e Dina, minhas amigas egípcias que fizeram o tour ser ainda mais fascinante!

A maior concentração de pontos turísticos no Islamic Cairo está na rua Al-Muizz Al-Deen, a principal rua que atravessa a cidade e que foi construída no século 11.

Vou deixar aqui alguns lugares que visitei e que acho interessante vocês darem uma passadinha quando forem conhecer o Islamic Cairo, para entender esses anos todos de história e passar por monumentos importantes para os árabes, mas antes disso vou deixar algumas dicas para que você visite as mesquitas sem nenhum problema.

Mesquita de Sayyidna Al-Hussein

Essa mesquita foi erguida em 1870 e é considerada o lugar mais sagrado do Cairo. Tanto que é fechada a não-muçulmanos. Eu só consegui entrar porque Mohamed (meu amigo marroquino) disse ao segurança que eu tinha me convertido ao Islã a pouco tempo (em árabe, tá?! rs).

Al Hussein Mosque

Uma vez autorizada minha entrada, tirei meu calçado e fui. Muuuita gente estava lá orando, pois alguém importante havia falecido. Ficamos no fundo da mesquita, e Mohamed trouxe um alcorão, me mostrando e explicando o que era e como usavam para orar.

Quando a oração acabou ele me levou para fotografar (pedindo autorização) a mesquita e me mostrou o lugar mais sagrado daquele lugar: uma sala onde supostamente está a cabeça de al-Hussein, neto do profeta Maomé.

Ali as pessoas disputavam por um espaço, onde pudessem tocar, beijar e fotografar o lugar onde a cabeça estaria sendo mantida guardada. Mohamed me explicou que aquilo é uma das relíquias mais sagradas do Islã.  Não é atoa que todas as sextas feiras, cerca de 10 mil pessoas vem até aqui para orar.

Mesquita de Al-Azhar

Mesquita de Al-Azhar

A mesquita de Al-Azhar é considerada um dos edifícios mais importantes da cidade em níveis histórico, religioso e arquitetônico. Arrisco dizer que foi uma das mesquitas mais lindas que eu fui (depois de Citadel).

Foi fundada em 970 e alguns anos mais tarde foi inaugurado no seu interior uma escola que se tornou a maior universidade do mundo árabe.

Wikala of Al-Ghori

Wikalas eram lugares onde os comerciantes vindos em caravanas do norte da África, Arábia e do Leste ficavam hospedados para descansar e continuar sua jornada.

As Wikalas também eram equipadas com estábulos, espaços para armazenamento de mercadoria e até espaços onde os comerciantes podiam vender as mesmas. Massa né?!

Khan Al-Khalili

Sem dúvida alguma, esse é o ponto alto do passeio pelo Islamic Cairo. Contruído em 1382 por Garkas Al-Khalili, Mestre dos Cavalos do Sultão Barquq, Khan al-Khalili é um dos maiores bazares do Oriente Médio.

Seu labirinto de vielas estreitas são cobertas por lonas e estão abarrotadas de lojas que vendem de tudo um pouco. Ouro, prata e cobre brilham sedutoramente nos interiores das lojas, enquanto os aromas das especiarias exóticas deixam o ar com aquele cheiro de fome (entenderam né!? Hahaha). Isso sem contar nas luminárias, quadros, brinquedos, tapetes…

Também é por aqui que, há séculos os egípcios fazem trabalhos tradicionais como tingimento, escultura e costura.

#DICADODOUG: Esteja preparado para enfrentar multidões e para passar por ruelinhas que parecem desaparecer. O Khan Al-Khalili é o principal bazar do Egito, então é de esperar gente lá o TEMPO TODO! Mas se você busca ter contato com a cultura local e ver como a vida no Egito funciona e pode ser bem agitada, não perca! Rs

Mesquita de Al-Aqmar

A mesquita de Al-Aqmar, também chamada de mesquita cinzenta, leva esse nome pela quantidade de pedra cinza usada em seu interior.

Foi construída em 1125 por um dos últimos califas fatímidas e é a mais antiga mesquita construída em pedra no Egito. As construções anteriores eram feitas de tijolos e gesso. Também se faz diferente por ser uma parte a céu aberto.

Mesquita de Al-Hakim

Essa era uma das mesquitas que eu mais tinha curiosidade em conhecer, mas que estava fechada durante meu rolê por essa área. Al-Hakim foi um dos governantes mais notórios na história Egípcia.

Seu governo começou quando ele tinha apenas 11 anos e quando tinha 15 seu tutor foi assassinado. Hakim ficou conhecido por suas leis bizarras e seus atos de violência, pois ele passou a incendiar áreas do Cairo onde as pessoas se opuseram a substituir seu nome por de Allah nas orações de sexta feira. Ele também proibiu a fabricação de calçados femininos para manter as mulheres dentro de casa.  Doido né?!

Saca o tamanho da mesquita!!!

A mesquita que leva seu nome começou a ser construída por seu pai e finalizada por ele mesmo em 1013. Desde então fui usada como prisão para os capturados durante as cruzadas, estabulo, depósito por Napoleão e até como uma escola para meninos. Na década de 80 passou por uma restauração pesada e ganhou mármores polidos e lustres dourados. A única parte original da mesquita são os minaretes.

Bab Al-Futuh

A cidade medieval do Cairo era completamente murada e com pelo menos 10 enormes portões de acesso. De tudo isso restam alguns metros de muralha e 3 portões. Um dos portões, o Bab al-Futuh (portão dos conquistadores) fica logo no final da rua Al-Muizz Al-Deen.

Aqui podemos ter noção do que eram as muralhas e do quão gigantesco eram os portões, construídos em 1087. Doha me explicou que se chama portão dos conquistadores porque os egípcios abriram esse portão para que os bárbaros entrassem, e quando fizeram isso, morreram pois era uma cilada planejada pelos egípcios.

História e lugares para visitar é o que não faltam por aqui, não é mesmo?! Espero que esse roteiro ajude vocês a otimizarem o tempo e a conhecer um pouco mais desse lugar tão especial que é quase o coração do Cairo.

Um beijo,

Doug Pelo Mundo.

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